Conteúdos da Faculdade de Pedagogia e breves considerações

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Signo linguístico

Durante esse período, seguindo a ementa do curso de Pedagogia, segui os rastros da produção de texto e da leitura como forma de (re)significar a realidade.

Os nomes Mikhail Bakhtin, Friedrich Nietzsche, George Orwell e Roland Barthes foram ofertados aos alunos para que a (re)significação partisse do signo linguístico.

Ocorreram muitas aulas para que esse conteúdo fosse um pouco assimilado.

Na obra-prima "1984", de Orwell, um personagem trabalha para o poder, cuja função é dar aos significantes significados conforme esse mesmo poder. Como declara Syme no livro, "é lindo destruir palavras".

Um nome que não apresentei em sala foi Gilles Deleuze. Para reforçar a ideia de signo linguístico, seu texto amplia mais esse assunto. Neste blogue, deixo trechos de dois livros: Deleuze, a arte e a filosofia, de Roberto Machado, e Proust e os signos, de Gilles Deleuze.

1. “Aprender diz respeito essencialmente aos signos.” ("Deleuze, a arte e a filosofia", de Roberto Machado)

1.1. O signo é o que força o pensamento em seu exercício involuntário e inconsciente, isto é, transcendental (...). (...); fazendo violência ao pensamento, os signos forçam a pensar ou a buscar o sentido ou a essência. (pág. 197)

1.2. Mas, se o objeto do aprendizado são os signos, seu objetivo é a interpretação ou a boa interpretação. Aprender é interpretar e interpretar é explicar ou explicitar o signo enunciando o sentido, ou a essência, que nele estava oculto ou latente. Desse modo, a correlação signo-sentido significa que o signo é o enrolamento, o envolvimento, a implicação do sentido, e o sentido é desenrolamento, o desenvolvimento, a explicação do signo. O sentido, ou a essência, vive enrolado no signo, no que nos força a pensar, e só é pensado quando somos coagidos ou forçados. (pág. 197)

1.3. A razão que dá má interpretação são as ilusões provenientes de que o signo, na realidade, está ligado tanto ao objeto que o emite quanto ao sujeito que o decifra. A ilusão, por exemplo, de que a arte deve descrever e observar, como faz, por exemplo, a literatura realista. (pág. 198)

2. "Proust e os signos", de Gilles Deleuze.

2.1. Aprender diz respeito essencialmente aos signos. Os signos são objeto de um aprendizado temporal, não de um saber abstrato. Aprender é, de início, considerar uma matéria, um objeto, um ser, como se emitissem signos a serem decifrados, interpretados. Não existe aprendiz que não seja “egiptólogo” de alguma coisa. Alguém só se torna marceneiro tornando-se sensível aos signos da madeira, e médico tornando-se sensível aos signos da doença. A vocação é sempre uma predestinação com relação a signos. Tudo que nos ensina alguma coisa nos emite signos. (Pág. 4)

2.2. Não se descobre nenhuma verdade, não se aprende nada, se não for por decifração e interpretação. Mas a pluralidade dos mundos consiste no fato de que estes signos não são do mesmo tipo, não aparecem da mesma maneira, não podem ser decifrados do mesmo modo, não mantêm com o seu sentido uma relação idêntica. (Pág. 5)

2.3. O primeiro mundo da Recherche é o da mundanidade. Não existe meio que emita e concentre tantos signos em espaços tão reduzidos e em tão grande velocidade. (Pág. 5)

2.4. O signo mundano surge como o substituto de uma ação ou de um pensamento, ocupando-lhes o lugar. Trata-se, portanto, de um signo que não remete a nenhuma outra coisa, significação transcendente ou conteúdo ideal, mas que usurpou o suposto valor de seu sentido. (...). Não se pensa, não se age, mas emitem-se signos. (...) O signo mundano não remete a alguma coisa; ele a “substitui”, pretende valer por seu sentido. Antecipa ação e pensamento, anula pensamento e ação, e se declara suficiente. Daí seu aspecto esterotipado e sua vacuidade, embora não se possa concluir que esses signos sejam desprezíveis. (Pág. 7)

2.5. O segundo círculo é o do amor. (...). O ser amado aparece como um signo, uma “alma”: exprime um mundo possível, desconhecido de nós. O amado implica, envolve, aprisiona um mundo, que é preciso decifrar, isto é, interpretar. (Pág. 7)

Em outro momento, deixarei mais sobre signo segundo Deleuze.